Capítulo 2 - Como e quando começamos a ler.
Desde os nossos primeiros contatos já começamos a fazer a leitura de mundo, mesmo um bebê já "lê" as cores e a fisionomia de sua mãe para reconhecê-la. Superfícies e cheiros também são passos para a leitura.
Paulo Freire diz que ninguém ensina ninguém a ler. O aprendizado é, em última instância, solitário, embora se desencadeie e se desenvolva na convivência.
Os estudos de linguagem revelam que não estamos desamparados e temos condições de fazer algumas coisas sozinhos. As investigações interdisciplinares vêm evidenciando também o texto escrito, e não apenas o conhecimento da língua.
O livro cita a personagem Tarzan, que aos 10 anos encontra alguns livros nos escombros da cabana de seu falecido pai. Foi o seu primeiro contato com a palavra impressa. Para ele as figuras eram insetos desconhecidos, tinham pernas mas não descobria as bocas e os olhos. Não imaginava que eram letras. Ele observava as imagens e os "insetos", e conforme ia refletindo sobre o assunto, foi aprendendo a ler sem possuir a menor noção do alfabeto.
Certamente aprendemos a ler a partir de nosso contexto pessoal.
O livro também cita que há duas sínteses literárias do processo de aprendizagem: Ficcional (imaginária) e Autobiográfica (algo que alguém escreveu).
Em algumas citações há curiosidade de transformar a necessidade de esforçar para alimentar o imaginário. O indivíduo não lê somente um texto escrito mas sim configurando suas experiências, intercâmbios do mundo social e o universo cultural.
Quando começamos a organizar conhecimentos de vivência e a leitura nos tornamos pessoas que compreendem melhor as questões da vida; A leitura se torna prazerosa e uma ferramenta que podemos até modificar experiências.
Quando os indivíduos vêem-se carentes de convívio humano ou suas condições são precárias, tendem a ter sua aptidão para ler igualmente constrangida. Não que sejam incapazes, mas a questão da leitura tem muito a ver com as condições de vida das pessoas.
Uma lógica revela um processo de reflexão acerca da leitura, e isso demonstra tratar-se de alguém que pratica o ato de ler no seu cotidiano, ou seja, tem condições, mesmo precárias, de dar sentido às coisas, tanto no trabalho, como nas relações humanas e na vida doméstica.
Uma inferência do raciocínio expresso está na importância dada à leitura da escrita como ponte para outro entendimento. O que se oferece para ler, pouco ou muito importa à pessoa. Cada um possui um universo diferente de interesses.
A psicanálise enfatiza que tudo quanto de fato impressiona nossa mente jamais é esquecido, mesmo que permaneça muito tempo em nosso inconsciente, e isso constata a importância da memória tanto para a vida quanto para a leitura.
A palavra escrita é transformada com frequência em instrumento de poder pelos dominadores, mas pode também vir a ser a liberação dos dominados.
Diante disso, poderíamos perceber o esquecimento como um mecanismo de defesa. Inconscientemente o leitor talvez ache melhor nem entender (ler), porque isso significaria para ele novas exigências. E estas, possivelmente, ele considere muito além de seu alcance pessoal ou de seu grupo social.
Os "sabedores das coisas", na aparência, estão sempre prontos a ensinar a ler. Só que a seu modo.
Os indivíduos e as sociedades carentes precisam aprender a enfrentar começando a ler por conta própria, exercitando sua memória e não se deixando iludir pela aparente gratuidade das pequenas coisas da vida, porque elas, fazem a nossa história,
Seja quem for o leitor, o ato de ler sempre estará ligado a essas condições, precárias ou ideais.
Turma SPMN - 1º semestre.
Alunas:
Elisa
Jessica
Rozalia
Valéria
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